domingo, 28 de junho de 2009

Peixes abissais

Adaptados ao Extremo -

O peixe-víbora-abissal tem dentes enormes e ameaçadores os quais são responsáveis por impedir com que a presa fuja A. A lula-vampiro deve seu nome a sua bizarra aparência que lhe confere um aspecto de morcego do mar B. O peixe-machadinha-abissal tem a conformação do corpo muito semelhante a um machado; a disposição de seus sensíveis olhos tubulares à luz permite-lhe visão binocular C. O diabo-marinho desenvolveu um filamento pescador (ver detalhe) que nada mais é do que uma modificação da barbatana dorsal, que pode ser movimentada, facilitando a apreensão da presa D.

Os peixes abissais são criaturas misteriosas e ao mesmo tempo surpreendentes. Vivendo num ambiente totalmente inóspito esses seres das trevas marinhas são criaturas aparentemente insólitas parecidas saídas de um filme de terror. Adaptados ao extremo esses seres sobrevivem em um ambiente mortal para a maioria das espécies por causa da descomunal pressão da água. Habitando as chamadas fossas abissais (profundidades de até onze quilômetros), os peixes abissais travam diariamente uma verdadeira luta pela sobrevivência onde vale tudo na hora de se conseguir alimento. Alguns deles desenvolveram eficazes filamentos pescadores providos de uma débil luminescência em sua extremidade que atrai peixes incautos para a emboscada. Já outros têm dentro da bôca um tipo de trilha de fotóforos que funciona como chamariz para larvas e outros bichinhos abissais.

Cerca de um quilômetro abaixo da superfície, a escuridão só é rompida pelas fracas luzinhas de bichos luminescentes. Nesse time de “caçadores luminosos” está o diabo-marinho, o peixe-víbora-abissal, o machado-de-prata e a estranha lula-vampiro. Tôdos, sem exceção, não medem mais do que um metro; até porque se tivessem uma maior dimensão fatalmente seriam esmagados pela pressão.

O peixe-víbora-abissal (Chauliodus sloani) é um dos mais eficazes caçadores das trevas marinhas. Medindo pouco mais de 30 cm, esses peixes são dotados de dentes parecidos com agulhas recurvadas que aparentemente metem medo, porém que só têm a função de impedir que a presa atraída pelo engodo bioluminescente fuja de dentro da bôca do predador. Alimenta-se de peixes e crustáceos de alto mar.

O grande caçador das profundezas do mar é, sem dúvida, o diabo-marinho ou peixe-pescador-das-profundezas (Linophryne arborifer). Esses horríveis peixes comem uma grande variedade de peixes e crustáceos, capturando-os com uma falsa isca luminescente que fazem oscilar de um lado para outro em meio à escuridão; atraem assim uma série de pequenas presas que ao aproximarem acabam abocanhadas pelo espertalhão. Os diabos-marinhos têm o estômago elástico, e uma boca enorme, o que lhes permite engolir presas muito maiores do que eles.

Outro esquisito habitante das profundezas é o peixe-machadinha-abissal ou machado-de-prata (Argyropelecus hemigymnus). Horrorosos, esses diminutos peixes têm as conformações de um machado. Vivem a um quilômetro da tona e alimentam-se de pequenos crustáceos e larvas de peixes. Assim como as espécies anteriormente citadas, eles também se valem dos fotóforos para se comunicarem e se alimentarem. Visto de frente, o machado-de-prata mostra acentuada desproporção entre o tamanho dos olhos e a largura do corpo. Só a curvatura é que permite à bôca ter abertura para capturar certas presas.

A lula-vampiro (Vampyroteuthis infernalis) deve seu nome à aparência: a membrana que liga os tentáculos dá-lhe um aspecto de morcego marinho. Trata-se de uma espécie pequena – apenas 30 cm de comprimento -, que habita os fundos oceânicos. Esse molusco é dentre os seres abissais o que realiza as mais impressionantes exibições bioluminescentes envolvendo complexos padrões de cores. Como todas as lulas são dotadas de dez membros – oito braços e dois tentáculos -, com ventosas munidas de um anel córneo denteado.

José Henrique Moskoski

Escritor e Pesquisador de Vida Selvagem

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